Retrato Mãe

PEIXE, João (2018) – Todos temos (3 peças irmão, mãe, pai e outro conjunto)

O meu primeiro verdadeiro amor

Não sei com que idade se pode começar a falar de amor. Não sei quantas vezes é necessário senti-lo para falar dele. Falarei com a idade que tenho e com as experiências que me moldaram até aqui.

Amor nasce quando menos se espera e, na minha opinião, não parte quando mais precisamos dele. Na realidade, para mim, nunca parte com a pessoa que lhe deu origem. É uma vontade superior ao egoísmo humano de darmos tudo o que temos aos outros. É dar sem receber e, depois de algo tão precioso ser oferecido, ele jamais desaparecerá enquanto houver alguém a mencioná-lo. O amor só morrerá quando a última pessoa que o presenciou deixar o mundo dos vivos.

Não creio que seja inocente quando penso assim. O amor que demonstrei aos outros ainda existe, mesmo quando os relacionamentos há muito se foram.

O amor não é uma troca e não demanda reciprocidade.

Os relacionamentos sim.

O meu primeiro verdadeiro amor é a minha mãe.

Nunca conheci ninguém que desse tanto de si aos outros. É a cola que une a minha família, o porto de abrigo para todos nós e a pessoa mais forte que conheço.

Acredito realmente que o egoísmo existe na essência do ser humano. Como egoísta que sou, gostaria que a minha mãe desse menos aos outros e mais a si mesmo para que pudesse ter mais dela para mim.

Contudo, como homem consciente, repúdio o que escrevi anteriormente. Se ela o fizesse teria menos daquilo que a faz ser quem é e jamais desejaria alguém diferente da minha mãe.

PEIXE, João (2018) – Todos temos

Dimensões:

  • 600x900mm

Materiais:

  • Acrílico sobre 96 quadrados de madeira de pinho